quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Família Ramos

Ismênia Ribeiro Schneider
Cristiane Budde

Continuamos o estudo sobre as relações entre as Famílias Souza e Ramos, apresentando um pouco da história dos ancestrais da Família Ramos no Brasil. O primeiro casal ancestral de que temos informações é Matheus José Coelho e Maria Antônia de Jesus. De acordo com Celso Ramos Filho (2002), o casal veio ao Brasil, provavelmente, quando o Governo português deu incentivos e condições especiais a casais açorianos que “desejassem emigrar para o Brasil, de modo especial para o Litoral de Santa Catarina, onde a Ilha de Santa Catarina tinha as preferências” (RAMOS FILHO, 2002, p. 40). Os casais eram recebidos e assentados em diversas localidades, em especial na Enseada do Brito, Laguna e São Miguel da Terra Firma (hoje Biguaçu).
Os filhos de Matheus José Coelho e de Maria Antônia de Jesus nasceram em São Miguel da Terra Firme, onde se acredita que o casal se estabeleceu. São eles: Ricardo Antônio (1776 – 05/12/1861), Laureano José (nasc. 18/03/1777i – 28/04/1862i) e Adolfo José (nasc. 1779)[i]. Dentre eles, estudaremos Laureano José, tronco de onde surgiu a Família Ramos que estabelece relações com a Família Souza.
Segundo Ramos Filho (2002), Laureano recebeu o sobrenome Ramos, por ter nascido em um domingo de ramos, 18 de março de 1877, o que motivou o pai a alterar o patronímico. A modificação se aplicou também aos irmãos, inclusive ao mais velho.
Laureano José de Ramos mudou-se de São Miguel “para São Francisco do Sul-SC. Posteriormente transferiu residência para Lapa-PR, onde casou e nasceu o filho David. Da Lapa foi para o Rio Grande do Sul e de lá, para Lages, onde se estabeleceu na Coxilha Rica” (RAMOS FILHO, 2002, p. 41).

Figura 1 - Laureano José de Ramos, em foto de 1840, aparece segurando um martelo. Laureano se orgulhava de sua profissão de marceneiro (Foto e legenda retiradas do Livro “Coxilha Rica”, de Celso Ramos Filho).

Laureano era marceneiro. Casou-se em 27 de agosto de 1804 com Maria Gertrudes de Moura (nasc. 1781, Nossa Senhora do Pilar - falec. 06/04/1873, Lages), filha de Manoel Moura Cardoso (nasc. 31/10/1744, freguesia de Santiago de Lustosa, conselho de Lousada, distrito do Porto, arcebispado de Braga, Portugal) e de Gertrudes Maria de Barros (natural de Curitiba)i.
Manoel Moura Cardoso era filho de Gregório Ferreira Cardoso e de Maria Ferreira de Mourai.
Gestrudes Maria de Barros era filha de Henrique Ferreyra de Barros e de Francisca Albuquerque de Jesusi.
Nota: Nossa Senhora do Pilar pertencia à Província de São Paulo. Em 29 de agosto de 1797, passou a ser uma vila e alterou-se a denominação para Antonina, hoje pertencente à Paróquia de Paranaguá-PR. Atualmente, é uma cidade históricai.

Figura 2 – Laureano José de Ramos e Maria Gertrudes de Moura Ramos. Foto tirada em 10/12/1860 na Fazenda Guarda-Mór – Coxilha Rica, em Lages. Ele estava com 83, ela com 79 anos (Foto e legenda retiradas do Livro “Coxilha Rica”, de Celso Ramos Filho).

       Há divergências a respeito dos filhos que o casal Laureano e Maria Gertrudes teve, sendo que o Governador Vidal Ramos em sua autobiografia cita oito, enquanto Celso Ramos Filho menciona dez (Livro Coxilha Rica) e Sebastião Fonseca de Oliveira também apresenta dez filhos em sua listagem (Livro Aurorescer das Sesmarias Serranas).
Sendo assim, temos os seguintes filhos do casal[i],[ii],[iii]:
F1 – David José de Moura Ramos (nasc. 10/03/1806, bat. 19/03/1096, Lapa-PR)ii, c.c. Maria da Conceição Souzai.

F2 – Policarpo José de Moura Ramos (nasc. 24/10/1808, Santo Antônio da Patrulha, RS, bat. 12/02/1809, falec. 06/04/1864)i,ii, c.c. Maria Gertrudes Magna de Moura e Silvai.

F3 – João José de Oliveira Ramos (nasc. 24/11/1810, Santo Antônio da Patrulha, RS, faleceu assassinado em 04/01/1867), c.c. Carlota de Camargo e Melo, filha de José Custódio de Camargo e de Maria Joaquina de Almeida Meloii.

F4 – Henrique Ferreira Ramos (nasc. 27/04/1812, bat. 19/09/1813, Lages-SC)i,ii. Recebeu o “Ferreira” em seu nome porque sua mãe “desejava homenagear o seu avô materno, o português Henrique Ferreyra de Braga” (RAMOS FILHO, 2002, p. 75). Henrique casou com Clara de Oliveiraii.

F5 – Maria, batizada em 12/03/1814. Foram padrinhos Fidelis Militão de Moura e Balbina Matha. Segundo Oliveira (1996) deve ter falecido menor. (esta filha não é citada por Vidal Ramos)

F6 – Fidelis José de Ramos (nasc. 03/04/1814, bat. 22/07/1814, Lages)ii. No seu testamento, Fidelis reconheceu um filho chamado Laureano José Ramos, batizado em Vacaria-RS, com uma mulher solteirai,ii.

F7 – Luiz José de Oliveira Ramos (nasc. 09/08/1816, bat. 13/10/1816, Lages)i,ii, c.c. Maria Gertrudes Vieira de Oliveira, filha de Leandro Luiz Vieira e Clara Maria dos Santos.

F8 – Gertrudes Maria de Moura Ramos (nasc. 03/09/1818, Lages falec. 25/01/1909)i,ii; casou com o primo materno José Thomaz de Moura e Silva (falec. 10/03/1887), filho de José Thomas de Moura e de Matilde de Moura.

F9 – Vidal José de Oliveira Ramos “Sênior” (nasc. 26/12/1820, bat. 06/03/1821, Lagesi,ii - 09/01/1908[iv]), c.c.:
1ªs núpcias: Júlia Batista de Souza, filha de João Batista de Souza (conhecido como “Inholo”) e de Cândida dos Prazeres Córdova (bat. 07/03/1807 – falec. 240/06/1844). Casamento: 17 de maio de 1857, Lages.
Nota: Cândida é filha de Bento Ribeiro de Cordova e de Maria Jacinta do Amaral.

2ªs núpcias de Vidal: Cândida José Godinho (ou Cândida Gaspar Godinho) (nasc. 28/06/1869, em Lages-SC), filha de Antonio José Godinho e de Senhorinha da Silva Mottaiv.

F10 – Maria Gertrudes de Moura Ramos (nasc. 17/10/1824, bat. 22/12/1824, Lages), c.c. José Antunes de Lima (bat. 03/0/1817), filho de Ignácio Antunes Lima e de Francisca de Almeida Taquesii. (esta filha não é citada por Vidal Ramos)

            Em Lages (SC), a família se instalou em terrenos que estavam devolutos, na região chamada “Guarda-Mór”, localizada onde o Rio dos Touros desembocava no Rio Pelotas. Mais tarde, a posse foi legitimadai,iii. Nesse local, Laureano construiu um grande estabelecimento agropecuário, com criação de gado, tecelagem, carpintaria, olaria, pomar, etciii. Ele também era dono da “Fazenda das Bananeiras”, que deixou para o filho Luiz José de Oliveira Ramos[i].


Figura 3 – Telas em óleo da Fazenda Guarda-Mór – Coxilha Rica – Lages, de autoria do renomado pintor lageano, Moacyr Vidal Ramos (casado com Lia Ramos Soares), que gentilmente permitiu estas reproduções (telas e legenda retiradas do Livro “Coxilha Rica”, de Celso Ramos Filho).

            Segundo Ramos Filho (2002), Laureano desempenhava liderança social e política em Lages e foi nomeado como Juiz Ordinário da Vila de Lages.
Faleceu em 28 de abril de 1862, na Fazenda Guarda-Mór, onde foi sepultado.
           
Figura 4 - Árvore genealógica do tronco principal de Vidal José de Oliveira Ramos.


Nota: Na próxima matéria apresentaremos mais informações sobre os filhos de Vidal José de Oliveira Ramos “Sênior” e Júlia Batista de Souza.



Referências



[i] RAMOS FILHO, Celso. Coxilha Rica: Genealogia da Família Ramos. Florianópolis: Insular, 2002.
[ii] OLIVEIRA, Sebastião Fonseca. Aurorescer das Sesmarias Serranas: História e Genealogia. Edições EST: Porto Alegre, 1996.
[iii] RAMOS, Vidal José de Oliveira. Notas sobre a minha vida: discursos e correspondência. Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Coleção Catariniana, Florianópolis, 7, vol. II, 2005.
[iv] LIMA, Rogério Palma. Dado inserido no Genoom.