quinta-feira, 11 de maio de 2017

Retrospectiva histórica dos 130 anos de Fundação de São Joaquim (SC)

            No dia 07 de maio último comemorou-se o aniversário de fundação da cidade de São Joaquim (SC). Para juntar-nos às celebrações, organizamos uma breve retrospectiva desses 130 anos de nosso caminhar neste solo sagrado para seus habitantes.
            Primeiramente, apresentamos estudo realizado pelo IBGE[i], no qual é descrita a formação administrativa de São Joaquim, explicitando seus distritos e os desmembramentos ocorridos:
Freguesia criada com denominação de São Joaquim da Costa da Serra, pela lei provincial nº 645, de 02-05-1871, subordinado a vila de Lages.
Elevada à categoria de vila com a [mesma] denominação, pela lei provincial nº 1.108, de 28-08-1886, desmembrada de Lages. [...]
Instalado em 07-05-1887 [o município de São Joaquim da Costa da Serra].
Pela lei municipal n 4, de 30-03-1905, é criado o distrito de Nossa Senhora do Socorro e anexado a Vila de São Joaquim da Costa da Serra.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 2 distritos: São Joaquim da Costa da Serra e Nossa Senhora do Socorro.
Nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-09-1920, a Vila figura com a denominação de São Joaquim, e o distrito com a denominação de Socorro, ex- Nossa Senhora do Socorro.
Pela lei municipal nº 158,de 15-07-1922, é criado o distrito de Urubici, anexado à Vila de São Joaquim.
Pela lei municipal nº 170, de 17-10-1923, é criado o distrito de Santana do Cedro, anexado à Vila de São Joaquim. [...] “Pelo Decreto Federal nº 86, de 31 de março de 1938, o povoado foi elevado à categoria de Vila”[ii].
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município já denominado São Joaquim da Costa da Serra é constituído de 4 distritos: São Joaquim da Costa da Serra, Nossa Senhora do Socorro, exSocorro, Urubici e Santana do Cedro.
Em divisões territoriais datadas de 31-12-1936 e 31-12-1937, o município figura com 4 distritos: São Joaquim da Costa da Serra, Nossa Senhora do Socorro, Nossa Senhora de Santana e Urubici, menos o distrito de Santana de Cedro.
Pelo decreto-lei estadual nº 86, de 31-03-1938, o município de São Joaquim da Costa da Serra teve sua denominação simplificada para São Joaquim, o distrito Nossa Senhora de Santana à denominação de Santana, e o distrito de Nossa Senhora de Socorro à denominação Bom Jardim.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 4 distritos: São Joaquim, Bom Jardim, ex-Nossa Senhora do Socorro, Santana, ex-Nossa Senhora de Santana e Urubici.
Pelo decreto-lei estadual nº 941, de 31-12-1943, o distrito de Bom Jardim passou denominar-se Cambajuva, e o distrito de Santana a denominar-se Urupema.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 4 distritos: São Joaquim, Cambajuva, Urubici e Urupema.
Pela lei estadual nº 282, de 28-07-1949, o distrito de Cambajuva passou a denominar-se Bom Jardim da Serra.
Em divisão territorial datada de 1-07-1955, o município é constituído de 4 distritos: São Joaquim, Bom Jardim da Serra, ex-Cambajuva, Urubici e Urupema.
A lei estadual nº 274 de 06-12-1956, desmembra do município de São Joaquim o distrito de Urubici, que por sua vez, é elevado à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 1-07-1960, o município é constituído de 3 distritos: São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urupema.
Pela lei estadual nº 1.052, de 26-01-1967, é desmembrado do município de São Joaquim o distrito de Bom Jardim da Serra, por sua vez elevado à categoria de município.
Pela lei estadual nº 1.057, de 19-04-1967, é criado o distrito de Pericó, também  anexado ao município de São Joaquim.
Pela lei estadual nº 1.058, de 19-04-1967, é criado o distrito de São Sebastião de Arvoredo, igualmente anexado ao município de São Joaquim.
Em divisão territorial datada de 1-01-1979, São Joaquim é constituído de 4 distritos: São Joaquim, Pericó, São Sebastião do Arvoredo e Urupema.
Pela lei estadual nº 1.105, de 04-01-1988, é desmembrado do município de São Joaquim o distrito de Urupema, igualmente elevado à categoria de município.
Pela lei municipal nº 1.487, de 22-12-1989, é criado o distrito de Santa Izabel e anexado ao município de São Joaquim.
Em divisão territorial datada de 17-01-1991, o município é constituído de 4 distritos: São Joaquim, Pericó, Santa Izabel e São Sebastião do Arvoredo.
Em divisão territorial datada de 15-07-1997, o município é constituído de 4 distritos: São Joaquim, Pericó, Santa Izabel e São Sebastião de Arvoredo.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2003.
Alterações toponímicas distritais:
São Joaquim da Costa da Serra para São Joaquim, alteração de 1920.
Em 1933, São Joaquim voltou a denominar-se São Joaquim da Costa da Serra. Finalmente, em 31/12/1938, parece que a cidade sofreu a última e definitiva alteração, como SÃO JOAQUIM (decreto lei nº 86).

            A Ata de Fundação de Freguesia (de São Joaquim), é datada de 1º de abril de 1873. Nesse dia, estiveram presentes e assinaram a Ata de Fundação de Freguesia as seguintes pessoas, constando o nome, a região do domicílio e as cotas com que contribuiriam para a construção da igreja:

Manoel Joaquim Pinto
Cedro
100$000
Marcos Baptista de Souza
Arvoredo
100$000
Joaquim José de Souza
Bom Sucesso
100$000
João da Silva Ribeiro Júnior (Coronel João Ribeiro)
São João de Pelotas
20$000
Bento Cavalheiro do Amaral
Morro Agudo
10$000
Joaquim Cavalheiro do Amaral
Morro Agudo
50$000
Manoel Saturnino de Souza Oliveira
Bom Sucesso
10$000
Joaquim da Silva Mattos
1 milheiro de têlhas
Ezírio Bento Rodrigues Nunes
Mantiqueira
10$000
Antônio Henrique de Oliveira
São Mateus
10$000
Joaquim Henrique de Oliveira
Antoninha
10$000
Máximo Sutil de Oliveira
São Mateus
10$000
Manoel Antunes de Souza
Bom Sucesso
1$000
Antônio Francisco de Figueiredo
10$000
Pedro Borges do Amaral
Costa da Serra
10$000
Olivério Candido da Silva
São Mateus
5$000
José Alano de Souza Netto
5$000
A pedido de João Pereira Rodrigues,
         Ezírio Bento Rodrigues Nunes
3$000
A pedido de Jenuíno da Silva Ribeiro,
         Ezírio Bento Rodrigues Nunes
Lavatudo
1 semana de serviço no campo da obra da Igreja
Manoel Romeno (Negro) da Divisa
2$000
Antônio Joaquim da Santana
Postinho
2$000
Feliciano Antonio Pereira
10$000
Manoel Joaquim da Rosa
2$000
Lúcio da Silva Ribeiro
4$000
Thomas José da Silva
10$000
Manoel Jesus de Oliveira
4$000
Evaristo José de Oliveira
2$000
Rufino Pereira de Medeiros
Santa Izabel
10$000
Ulbano Maximiliano da Silva
10$000
Manoel Francisco Carvalho
Postinho
2$000
Pedro José Ribeiro
Costa da Serra
10$000
Oracio José Luz
Bom Sucesso
5$000
Manoel Rodrigues de Jesus Borges
Postinho
20$000
João de Deus Pinto de Arruda
Cedro
1$000
Francisco Bernardo Souza
Postinho
2$000
Domingos Thomaz de Souza
Bom Sucesso
10$000
João Pedro Ribeiro
Costa da Serra
3$000
José Joaquim de Souza
Bom sucesso
10$000
Manoel José de  Aguirra *
Postinho
1 semana de serviço
Manoel dos Santos Soares
Costa da Serra
2$000
Francisco Ribeiro da Costa
Costa da Serra
2$000
Manoel Bento Rodrigues Junior
Costa da Serra
5$000
Manoel Bento Ribeiro
Costa da Serra
10$000
Manoel Cavalheiro do Amaral
Morro Agudo
Francisco Pedro Ribeiro
Costa da Serra
10$000
Filisberto José Oliveira
Postinho
10$000
Jose Gonçalves Tiadorio
Bom Sucesso
2$000
Manoel Alano de Souza
São Mateus
10$000
Jose Martins
15 dias de serviço e 10$000
José Zeferino da Luz (em casa do Fermino)                                           
4$000
João Rodrigues de Souza
Bom Sucesso
10$000
Januario Pinto de Arruda
Cedro
10$000
Jose Pinto de Arruda
Cedro
10$000
Polidorio Pereira da Cruz
Cedro
10$000
Timóteo Pereira da Cruz
Cedro
10$000
Antônio Pereira Cunha Cruz
Cedro
20$000
Manoel Souza Mattos
10$000
João Baptista Costa Cardozo, casa de Manoel Joaquim Pinto                                
5$000
Simplicio dos Santos Souza, casa Sr. Cruz                                                                                    
5$000
Jose Rodrigues de Souza
Bom Sucesso
100$000
Manoel de Souza Ribeiro
10$000
Manoel Ribeiro Nesinho
Bom Sucesso
5$000
José Anastácio de Souza
Postinho
2$000
Francisco José Pereira
Postinho
2$000
João Cavalheiro do Amaral
Morro Agudo
50$000
Inácio Cavalheiro do Amaral
Morro Agudo
50$000
Souza
Presta vinte dias de serviço
Jesus
2$000
Cunhal
3$000
Julião Francisco Padilha
Postinho
10$000
* No documento de Ata de Fundação consta como "Manoel José de Águida", mas o descendente Valmir Nunes (trineto de Manuel José de Aguirra) nos enviou a correção.

Notas:
**Os dez fazendeiros que assumiram a chefia dos trabalhos de fundação de São Joaquim da Costa da Serra em 01.04.1873 foram:
1. Manoel Joaquim Pinto - Presidente
2. Marcos Baptista de Souza - Secretário
3. João da Silva Ribeiro Júnior (Coronel João Ribeiro) - Presidente do Conselho Fiscal
4. Antônio Gonçalves Padilha - Procurador
5. Joaquim José de Souza - Tesoureiro
6. Joaquim Cavalheiro do Amaral - Membro do Conselho Fiscal
7. Bento Cavalheiro do Amaral - Membro do Conselho Fiscal
8. Manoel Saturnino de Souza e Oliveira - Membro do Conselho Fiscal
9. Joaquim das Palmas da Silva Mattos – Arruador público; desenhou as ruas e logradouros da cidade
10. Ezírio Bento Rodrigues Nunes - Membro do Conselho Fiscal
***A função de “Procurador”, delegada a Antônio Gonçalves Padilha, talvez fosse a mais espinhosa do grupo, pois era a de arrecadar, de fazenda em fazenda, dinheiro vivo ou donativos, para a compra do terreno onde seria erguida a freguesia com uma igreja, condição indispensável para o início da vida comunitária. Em fotografia vista no acervo de Joaquim Galete da Silva, tive ocasião de observar que o Procurador era homem alto, magro e elegante, de cor parda. Residia em sua fazenda “Quinze Dias”, na região do hoje município de Bom Jardim, legado que sua esposa, Felisbina Rodrigues da Maia, recebeu por ocasião do falecimento do padrinho, Francisco José Velho, em 1858.
****A principal função do Tesoureiro do Grupo Fundador, logo após o 1º de abril de 1873, foi gerir e aplicar os fundos arrecadados, em três atividades essenciais: o pagamento do terreno destinado ao assentamento da Freguesia, comprado à Família Cavalheiro do Amaral; a construção de uma capela que permitisse o quanto antes o início das atividades religiosas junto à população desassistida, e o pagamento de todos os procedimentos jurídicos necessários à consolidação da póvoa que estava sendo fundada.


Manoel Joaquim Pinto.

Marcos Baptista de Souza (bisavô desta pesquisadora, Ismênia Ribeiro Schneider).

João da Silva Ribeiro Júnior (Coronel João Ribeiro).

            Apesar de a Ata de Fundação da Freguesia ser de 1º de abril de 1873, a instalação do município e da 1ª Câmara Municipal ocorreu em 7 de maio de 1887, onde foram eleitos como vereadores Matheus Ribeiro de Sousa, Marcos Batista de Sousa, José Alves de Sá, José Rodrigues de Sousa, João de Deus Pinto de Arruda, Aureliano de Sousa e Oliveira (Neto) e Policarpo José Rodrigues[iii].
           
Neste momento, é importante também resgatar a Conferência proferida por Enedino Batista Ribeiro em São Joaquim, por ocasião do 1º Centenário de fundação da cidade, em 1973[iv]:

Conferência sobre a Fundação da Cidade de São Joaquim-SC
Prof. Enedino Batista Ribeiro

 Saudação às autoridades presentes e à plateia,

Atendendo a honroso convite do Presidente e Secretário da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – Escola Técnica de Comércio “São Joaquim”, em sintonia com as autoridades municipais de nossa terra, aqui me encontro para vos falar do tema que me foi proposto – FUNDAÇÃO E HISTÓRIA DA CIDADE DE SÃO JOAQUIM.
A tarefa foi árdua, mas sumamente honrosa e agradável. Por certo que outros joaquinenses poderiam fazê-lo com maior brilhantismo, pois meus 74 anos representam justificável empecilho para o êxito da missão que exige pesquisa, tempo e muito ardor.
Vários fatos concorreram para aceitar o desafio dos moços de nossos dias: A oportunidade de voltar ao torrão natal, para rever a cidade, por nós todos muito querida, bela, progressista e altiva nos seus 100 anos de existência! E principalmente porque represento um espaço de mais de 70 anos, um elo entre as gerações do presente e as dos nossos valorosos antepassados. Saibam todos que nasci no derradeiro ano do século XIX, século esse de nascimento de milhares de cidades brasileiras e desta Suíça nativa!
Em agosto de 1940, publiquei a monografia de São Joaquim às expensas do Departamento Estadual de Estatística. Trabalho elaborado com muitos sacrifícios e amor por esta terra de que muito me orgulho. Cem (100) exemplares desse trabalho foram entregues à Prefeitura para distribuição em todo o território municipal e arquivos da municipalidade. Nessa monografia, encontra-se um bom resumo histórico da origem do povoamento, evolução social e política do município de São Joaquim.
            Modéstia à parte, é um trabalho bom, minucioso e que na década de 1940 anos nos deu muito trabalho na colheita de dados. Quem desejar conhecer melhor a história de nossa terra, poderá compulsar aquela monografia.
            A presente conferência além dessa fonte histórica é vasada principalmente no conjunto de atas que registraram a fundação da cidade, seu nascimento e crescimento até 1890.
            O território joaquinense, como se sabe, integrava o imenso território da freguesia de Lages.
            Em 28 de janeiro de 1868, foi dado o primeiro passo para o surgimento do nosso município. Nessa data, foi criado um distrito policial no lugar denominado “Costa da Serra”.
            Pela lei provincial nº 645, de 2 de maio de 1871, 2 anos antes da fundação da cidade, foi criado o distrito da Costa da Serra.
            Ora, criado e desmembrado, o novo distrito passou a ser uma unidade autônoma, precisando de uma denominação própria, pela qual se tornasse conhecida.
            A criação do Distrito pelo Governo provincial empolgou os homens que habitavam os nossos rincões e ao despontar o ano de 1873 um pugilo de bravos dedicaram suas vidas à consolidação política e administrativa de sua terra.
            Essa plêiade de varões ilustres, em reuniões informais, liderados pelo notável fazendeiro MANOEL JOAQUIM PINTO, natural de Piracicaba, Estado de São Paulo, batizaram esta terra abençoada com o pomposo nome de “São Joaquim da Costa da Serra”.
            Mas foi no dia 1º de abril de 1873, que se realizou a primeira assembléia geral para se proceder, oficialmente, à escolha do sítio para a fundação da freguesia, com a construção imediata de uma Capela.
            Encontramos referências históricas e precisas de que a reunião foi levada a efeito na casa de MANOEL JOAQUIM PINTO, que, dali por diante, foi sempre a sede das reuniões dos fundadores de São Joaquim.
            Consta da ata nº 1, cuja cópia possuo em meus arquivos particulares, que na manhã de 1º de abril de 1873, realizou-se a 1ª reunião, na qual se nomeou a Comissão e a Mesa encarregadas da escolha e demarcação do terreno no centro do Distrito, bem como da edificação de uma Igreja que servisse para Matriz da nova freguesia.
            Os membros dessa Comissão, eleitos pelo período de 1 ano, foram integrados pelos seguintes joaquinenses, cujas gerações vêm se sucedendo até nossos dias:

PRESIDENTE DA COMISSÃO – Manoel Joaquim Pinto
SECRETÁRIO – Cap. Cte. Marcos Baptista de Souza
TESOUREIRO – Joaquim José de Souza
PROCURADOR – Antonio Gonçalves Padilha

            Na mesma reunião foi eleita a Mesa de controle das contas da comissão – o que corresponde hoje em dia aos Conselhos Fiscais.
            Há que se registrar, nesta oportunidade, o nome desses ilustres cidadãos, cujos sobrenomes hão de repercutir com carinho, admiração e respeito, no coração desta platéia, pois são nossos antepassados, cujos filhos, netos, bisnetos, e tataranetos, nasceram e se criaram sob os céus de São Joaquim. São eles:

Tenente Coronel – João da Silva Ribeiro
Major – Bento Cavalheiro do Amaral; Joaquim Cavalheiro do Amaral; Manoel Saturnino de Souza e Oliveira, Joaquim da Silva Mattos e Ezirio Bento Rodrigues Nunes.
          
            Ficou estipulado que a Mesa se reuniria todas as vezes que o presidente Manoel Joaquim Pinto a convocasse, podendo a reunião efetivar-se desde que presentes três membros, além do Presidente e do Secretário da Comissão. E mais, que o procurador Antonio Gonçalves Padilha ficaria encarregado de angariar donativos para as obras da Igreja, o que deveria ser rigorosamente lançado no livro de “Receita e Despesa”, que seria escriturado pelo Secretário, com a supervisão do Presidente e do Tesoureiro. Veja-se nesse tópico o zelo, cuidado e o resguardo pela honorabilidade dos fundadores da cidade e da coisa pública.
            Todavia, o registro mais importante dessa ata de fundação da freguesia, sede do novo distrito, é o seguinte:
            A Comissão e Mesa reunir-se-ão, ordinariamente uma vez por ano, no dia 1º de abril, data do aniversário da instalação da Freguesia.
            Portanto, 1º de abril é a data histórica da fundação da cidade de São Joaquim. Aqui fica a corrigenda, baseada em documento autêntico e irretorquível.
            A ata nº 2 e 3 foram lavradas no mesmo dia 1º de abril de 1873.
            Na 3ª ata ficou consignada a escolha do sítio onde se assentaria a cidade e que na época chamava-se Cruzeiro, cujo terreno era de propriedade dos cidadãos Joaquim Cavalheiro do Amaral, João Cavalheiro do Amaral, Antônio Cavalheiro do Amaral Tota e Inácio Cavalheiro do Amaral. O preço de Cr$. 1250 (hum mil, duzentos e cinquenta milréis).
Foi lavrada a escritura manual entre os membros da Comissão e os vendedores. Na mesma oportunidade, para usar o termo empregado pelo Secretário foi “riscado” o lugar da Matriz, com 70 metros de comprimentos por 45 metros de largura; a praça da Matriz com 300 palmos quadrados. Demarcou-se, ainda, o pátio da cadeia com 140 palmos quadrados, uma rua municipal que é a existente ainda hoje e mais três transversais, recebendo estas as seguintes denominações: Duque de Caxias, General Osório e Gel. Câmara.
            Pergunto ao nobre auditório se não é lamentável que o nome dessas três ruas se tenham perdido na poeira dos tempos, e na memória das gerações, pois a permanência imperecível do nome das três primeiras ruas de nossa cidade seria um elo de união entre os nossos antepassados e as suas gerações descendentes.
            O mestre construtor da Matriz foi João Pedro Lucrécio, por contrato firmado com o Presidente Manoel Joaquim Pinto.
            A Comissão e a Mesa, com pequenas substituições, se mantiveram nos cargos até abril de 1875, durante três anos de intensa atividade, principalmente em torno da construção da Matriz, que foi para a nova comuna, a obra do século.
            Anotem que a 1º de abril de 1874, reeleitas a Comissão e Mesa, foi feita a primeira tomada de contas e meditem nesta curiosidade – Diz a ata nº 7, textualmente:
            “Na prestação de Contas, a Comissão verificou importar a receita em 1.518$920 e mais 31 rezes, 15,50 alqueires de feijão e a despesa na quantia de 1.494$380 e mais 6 rezes e 12 alqueires de feijão, resultando um saldo a favor da Comissão da quantia de Cr$. 24$540 e mais 25 reses e 31, 2 alqueires de feijão”.
            Anotem, ainda, que no dia 1º de janeiro de 1876 feriu-se a primeira eleição de São Joaquim do Cruzeiro da Costa da Serra.
            Por motivos que não pudemos investigar por falta de tempo, nessa data procedeu-se à eleição para renovação geral dos cargos, saindo vitoriosa a chapa encabeçada por José Florêncio Pereira de Medeiros, com 38 votos. Joaquim da Silva Mattos foi reeleito Secretário, passando a ocupar o cargo de Tesoureiro: Manoel Cavalheiro do Amaral, e como procurador, José Rodrigues de Souza.
            Foram nomeados para a Mesa (Conselho Fiscal) Joaquim Cavalheiro do Amaral, João Pinto de Arruda, Manoel José da Silva, Manoel José Pereira, Inácio da Silva Mattos e Timóteo Pereira da Cruz.
            Conhecidos os resultados e proclamados os eleitos, estes se reuniram para consignarem em ata voto de louvor e reconhecimento e Manoel Joaquim Pinto e seus companheiros.
Consignou-se, ainda, na ata, que Manoel Joaquim Pinto, durante 32 meses de sua gestão, dispendeu do próprio bolso os recursos para prosseguimento das obras da Igreja,  contratando, inclusive, mais um servente para os pedreiros.
            Entre tantas coisas que poderíamos relatar, quero deixar registrado nesta oportunidade as deliberações da reunião de 9 de julho de 1876, que comprovam que a freguesia, crescia e prosperava:
            1º - Daquela data em diante qualquer cidadão que desejasse edificar uma casa, deveria formular requerimento que, mediante aprovação da Comissão, seria encaminhada à Câmara Municipal de Lages, para os devidos fins;
            2º - Nome e balizamento das ruas para atender aos interesses da comuna;
            3º - Criação do cargo de arruador público, sendo nomeado o cidadão Joaquim da Silva Mattos e seu substituto Joaquim Cavalheiro do Amaral;
            4º - Edificação do nicho do Santo Sacrário e compra dos paramentos para a solene benzedura da Matriz.
            Ao terminar esta conferência, na realidade uma palestra com os meus jovens e velhos conterrâneos, registro um conhecimento que tenho, o qual não deixa de ser um sugestivo episódio histórico sobre a fundação de São Joaquim: A primeira reunião foi presidida, como sabemos, por Manoel Joaquim Pinto; faziam parte da Comissão Joaquim Cavalheiro do Amaral e Joaquim José de Souza; era Juiz da Comarca de Lages a que pertencia o Termo de São Joaquim – o Dr. Joaquim José Henrique, que aplaudiu a fundação do povoado às margens do rio São Mateus, sendo presidente da província de Santa Catarina o Dr. Joaquim Bandeira de Gouvêa, que sancionou a lei que desmembrou o Distrito da Costa da Serra da Freguesia da cidade de Lages para formar outra freguesia.
A colaboração de quatro cidadãos com o prenome de Joaquim explica a razão por que o povoado recebeu o nome de São Joaquim, sobre ser ainda a invocação do nome de um grande santo, que é o avô materno de Jesus Cristo.

Para mais informações sobre alguns dos fundadores de São Joaquim, acesse:
Referências
Dados de Enedino Batista Ribeiro, contidos na 1ª Ata de Fundação de Freguesia de São Joaquim da Costa da Serra.




[i] IBGE. São Joaquim – Santa Catarina (SC). (Pequenas correções no texto realizadas por Ismênia Ribeiro Schneider) Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/santacatarina/saojoaquim.pdf. Acesso em: 09 de maio de 2017.
[ii] PREFEITURA Municipal de Urupema. História de Urupema. Disponível em: http://www.cidademaisfriadobrasil.com.br/historia-de-urupema.php. Acesso em: 11 de maio de 2017.
[iii] RIBEIRO, Enedino Batista. In: ed. Departamento Estadual de Estatística. São Joaquim: notícia estatístico-descritiva. [S.l.: s.n.]. 71 p.
[iv] Considerando a data da Ata de Fundação.

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