quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Viagem à Serra Catarinense

Hoje selecionamos algumas imagens representativas de nossa Serra Catarinense, fotografadas durante viagem a Bom Jardim da Serra e São Joaquim.
Dentre elas, podemos ver a Casa de Pedra (Fazenda do Socorro)*, a Serra do Corvo Branco, o Canyon Laranjeiras, avistado da Fazenda Rincão da Palha (Bom Jardim da Serra, SC) e o Mirante dos Pinheiros (São Joaquim, SC).
Fotos de Daniela Ribeiro Schneider e José Manuel Palop Herreros.








Xaxim na Fazenda Rincão da Palha.


Mirante dos Pinheiros.


* Matérias sobre a Casa de Pedra:
http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2017/03/casa-de-pedra-150-anos_30.html
http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2012/08/novos-fatos-sobre-casa-de-pedra-da.html

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Rua Prudente Cândido da Silva

       No Bairro Três Pedrinhas, em São Joaquim (SC), localiza-se a Rua Prudente Cândido da Silva, em homenagem a:
PRUDENTE CÂNDIDO DA SILVA FILHO (04/12/1942 - 28/02/1999), “Tio Pruda”, c.c. Lílian Hering.
Ele era filho de pai com o mesmo nome, PRUDENTE CANDIDO DA SILVA (25.04.1904 – 30.08.1977), e de CÂNDIDA PALMA CANDIDO (09.06.1904 – 29.04.1953).
Prudente (o pai), por sua vez, era filho de Vidal Cândido da Silva e de Teodorina Cardoso Rocha.
Cândida Palma era filha de Ignácio da Silva Mattos (“Inácio Palma”) (1860 - 15/07/1935) e de Esmênia Pereira Machado (27/01/1869 - 16/09/1934) (“Ismênia Palma”), conhecida família de São Joaquim (SC).

Nota: Mais informações sobre o casal Cândida Palma e Prudente Cândido da Silva (pai) e seus filhos em: https://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2014/04/filhos-de-ignacio-da-silva-mattos-e.html

Prudente Cândido da Silva Filho teve importante participação social e política no município de São Joaquim (SC), onde foi prefeito[i].

Figura 1 - Prudente Cândido da Silva Filho, "Tio Pruda". Fonte: São Joaquim de Fato. (Foto do início de fevereiro de 1999)

Figura 2 - Rua Prudente Cândido da Silva, São Joaquim (SC).


           De acordo com site do DEINFRA, há também uma rodovia que recebeu o seu nome:

Rodovia Prudente Cândido da Silva (DEINFRA[ii])
Denomi-nação
Rodovia/
acesso
Km inicial
Km final
Início do segmento
Fim do segmento
PRUDENTE CÂNDIDO 
DA SILVA FILHO
SC-110
421,569
436,836
Entr. SC-390 
(p/ Bom Jardim da Serra)
São Jqm 
(Entr. Norte SC-114/SC-390)
SC-114
274,579
306,272
Rio Lavatudo
São Jqm 
(Entr. Norte SC-110/SC-390)
SC-390
364,827
392,042
Entr. SC-110 
(p/ Urubici)
Bom Jardim 
da 
Serra 
(Entr. SC-450)


Figura 3 - Rodovia Prudente Cândido da Silva Filho, SC-114. Fonte: Recorte da imagem postada em Eron Portal - notícias e entretenimentos da região (colaboração da profa. Mirian Palma, sobrinha do Tio Pruda).


            Vejamos um texto de Glauco Silvestre, publicado em seu site, “São Joaquim de Fato”, onde conta um pouco da vida de Prudente, conhecido por muitos como “Tio Pruda”.


“Saudades: 12 anos sem Tio Pruda
(por Glauco Silvestre, texto publicado no site São Joaquim de Fato, 2011[iii])

Se estivesse entre nós, hoje (quatro de dezembro de 2011), Tio Pruda iria completar 69 anos de vida.
Sabe aquele amigo que todo mundo tem prazer em bater papo por tempo e que envolve as rodinhas de conversa?! Ele era articulador, irônico, extrovertido e boa praça.
 Tio Pruda nos deixou cedo e provocou um vácuo, um vazio na cidade.  Tinha bom relacionamento e trânsito com todos, até mesmo os adversários políticos.
Prudente Cândido da Silva Filho, nasceu no dia quatro de dezembro de 1942 na Fazenda São José do Alecrim, na localidade de Murta (Lomba) em São Joaquim. SC. Filho de Prudente Candido da Silva e Cândida Palma, casou-se com Lilian Hering Silva e teve quaro filhos: Ciro Eduardo Cândido Silva, os gêmeos Carlos Cândido Silva e Claudio Cândido Silva, e Prudente Cândido Silva Neto.
Foi personagem lendário da vida social e política de São Joaquim devido ao seu grande senso de humor e presença de espírito, alimentando ainda na atualidade o ideário político da cidade ao qual serve como modelo de probidade e conduta, além de ser invocado pela facilidade de relacionamento com todas as facções políticas de sua época, onde foi respeitado e admirado.
Na vida profissional, foi formado em direito e jornalismo pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), foi advogado militante na comarca de São Joaquim, vereador por uma legislatura, prefeito municipal 1983 até 1988, secretário executivo no governo Vilson Kleinubing de 1991 ao início de 1994. Diretor da SANTUR por nove meses em 1994. Faleceu no dia 28 de fevereiro de 1999 em Florianópolis, aos 56 anos de idade, quando exercia o cargo de Diretor Financeiro da CIASC no governo Esperidião Amin.

Carismático
Tio Pruda tinha conversa sincera e bem humorada, nunca perdia a paciência e conhecia muita, muita gente. Em São Joaquim sabia de habitante por habitante. Um dos seus filhos, o mais novo, o Pruda, quando criança costumava brincar com o pai nas horas vagas com a lista telefônica. “Pai! Onde mora o Sr. fulano de tal… em seguida ele respondia, rua tal, próximo daquele lugar. E todas as respostas eram exatas”.
Ele era muito conhecido também em outras cidades, no calçadão da rua Felipe Schmidt em Florianópolis – cidade berço de políticos – por exemplo, alguns amigos quase se irritavam ao andar com ele. “Não é possível! A gente leva mais de uma hora pra atravessar o calçadão, muita gente conhece ele e vai conversar”, disse um cunhado.
Outro fato inédito aconteceu em São Paulo capital, em viagem que fazia com o ex-prefeito Rogério Tarzan. Ao parar o carro em uma sinaleira Tarzan o provocou. “Tio Pruda. Você que é metido a conhecer todo mundo, quero ver se conhece alguém aqui nessa cidade hoje!” Ao terminar o comentário um homem se aproxima do carro, mete a cabeça pelo vidro e diz: “Ô Tio Pruda! O que é que faz aqui ômi do céu…” Era um joaquinense que residia em São Paulo, mas que por essas coincidências do destino passava ali naquele momento.

Mais algumas histórias risonhas:
Uma das histórias foi sobre a visita do então Presidente da República José Sarney em São Joaquim na Festa da Maçã, quando ele era prefeito. “O presidente assegurou ao Tio Pruda em seu discurso que iria viabilizar verbas para o município. Em seguida Tio Pruda completou: “E é verdade, pois eu sempre acreditei em homem que usa bigode grande”.
Outra:
Amigos diziam que ele nasceu fazendo piada. “Tio Pruda quando na adolescência estudava no ginásio Diocesano em Lages foi flagrado pelo Frei Clemente colando na prova. Disse o professor ao Tio Pruda: “Prudente não seja tão imprudente, ao que ele respondeu: Frei Clemente não seja tão inclemente”.
(Texto com informações do site Fraternidade Serrana).”

            Algumas dessas histórias encontram-se gravadas em pedra no Mirante dos Pinheiros[iv], localizado logo após o portal de saída para Lages, na SC-438. Infelizmente, essas narrativas contadas pelo povo joaquinense sobre o ex-prefeito Prudente Cândido da Silva Filho, estão quase apagadas.
Além disso, conforme notícia do Portal Serra SC (Jornal Mural Online): “Algumas pedras foram arrancadas e tiradas do local por vândalos. Não se trata de apenas escritos para descontrair, mas um verdadeiro arquivo popular. Em algumas inscrições aparece o nome do autor, em outras, autoria de domínio público”.
Segundo notícia de janeiro de 2017[v], para auxiliar na conservação do local, a Prefeitura Municipal de São Joaquim (SC), por iniciativa de seus colaboradores, realizou no dia 21 de janeiro [2017], um Mutirão de limpeza no Mirante dos Pinheiros.

Figura 4 - Mirante dos Pinheiros, São Joaquim (SC). Fonte: HORCEL, L. Gazeta do Povo[vi].


Referências




[i] AMURES, Associação dos Municípios da Região Serrana. Galeria Ex-Prefeitos. Publicado em 23/08/2016, atualizado em 16/02/2017. Disponível em:  http://www.amures.org.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/83632. Acesso em: 12/11/2017.
[ii] DEINFRA, Departamento Estadual de Infraestrutura, Diretoria de Planejamento e Projetos, Gerência de Planejamento de Infraestrutura. Denominação de Trechos de Rodovias Sob Jurisdição do DEINFRA. Disponível em: http://www.deinfra.sc.gov.br/jsp/relatorios_documentos/doc_rodoviario/download/denominacao_de_trechos_por_denominacao.pdf
[iii] SILVESTRE, Glauco. Saudades: 12 anos sem Tio Pruda. São Joaquim de Fato. Dezembro de 2011. Disponível em:  http://saojoaquimonline.com.br/saojoaquimdefato/?p=2789#comments. Acesso em: 08/11/2017.
[iv] Gravações em pedra: causos do Tio Pruda que poucos conhecem. Portal Serra SC, Jornal Mural Online. Publicado em 25 de Maio de 2010. Disponível em: http://www.serrasc.com.br/index.php?option=com_content&view=article&catid=388:noticias&id=471:gravacoes-em-pedra-causos-do-tio-pruda-que-poucos-conhecem. Acesso em: 12/11/2017.
[v] ZANETTE, Andressa. Mutirão faz limpeza no Mirante dos Pinheiros. Município de São Joaquim, SC. Publicado em 27/01/2017. Disponível em: http://www.saojoaquim.sc.gov.br/noticias/index/ver/codNoticia/405976/codMapaItem/4689. Acesso em : 12/11/2017.
[vi] HORCEL, Luciane. Entre montanhas e vales da serra catarinense. Publicado em 22 de abril de 2010, alterado em 29 de janeiro de 2015. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/turismo/entre-montanhas-e-vales-da-serra-catarinense/. Acesso em: 12/11/2017. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Dr. Agripa de Castro Faria - Relatos de Enedino Batista Ribeiro

Dando continuidade à matéria anterior sobre o Dr. Agripa de Castro Faria, apresentamos alguns trechos do livro “Gavião-de-Penacho: memórias de um serrano”, de Enedino Batista Ribeiro (1999). Eles narram um pouco da história do médico na cidade de São Joaquim e da sua parceria com Enedino, farmacêutico na cidade.
            Inicialmente, Enedino discorre sobre a compra que fez da farmácia de Hilário Bleyer, farmacêutico prático. Segundo o relato, o Sr. Bleyer afirmava ter o objetivo de se estabelecer em outra localidade, e não mais em São Joaquim (SC). Contudo, depois de seis meses, ele abriu uma nova farmácia no município, recebendo os receituários do Dr. Módena.
            Assim Enedino (1999, p. 474-475[i]) descreveu os fatos:

“O Sr. Hilário Bleyer [...] com a conivência do Dr. Módena, começou a fazer-me, na farmácia, uma concorrência desabusada e desleal, procurando incompatibilizar-me com a opinião pública da minha terra.
E como ninguém é rei em sua terra, eu levava a pior, caindo vertiginosamente o movimento da farmácia por falta de receituário. Eu não tinha, legalmente, meios de combater o meu concorrente, que tinha farmacêutico diplomado, que dava nome à sua farmácia.
De qualquer forma, eu precisava lutar, mas para isso precisava ter, pelo menos, um médico que receitasse para a minha farmácia, e foi o que fiz. Em fins de julho, vim com Lídia, minha esposa, a Florianópolis, hospedando-nos no Hotel Moura, na Praça XV de Novembro. O principal objetivo de nossa viagem à Capital do Estado era arranjar um médico que quisesse ir clinicar em São Joaquim, receitando exclusivamente para minha farmácia, no sentido de enfrentar a difícil situação criada pelo Sr. Hilário Bleyer e pelo Dr. Vicente de Módena.
De passagem por Lauro Müller, entrei em contato com o Dr. Agripa de Castro Faria, que ali exercia a medicina. Depois de lhe explicar minuciosamente a situação – de verdadeira guerra das farmácias -, Dr. Agripa me disse que iria para São Joaquim clinicar, receitando só para a minha farmácia, desde que eu lhe arranjasse clientela. Gostei do moço, da sua franqueza, me parecendo um homem leal.
De regresso a São Joaquim, estudei a situação e conversei com os amigos, inclusive com todos os membros da família de minha mulher.
Recebendo apoio de grande número de amigos e parentes, conversei outra vez com o Dr. Agripa, ficando determinada a sua ida para São Joaquim, nas condições por nós estabelecidas.”


            Na sequência, Enedino destinou um subtítulo de seu livro ao Dr. Agripa, conforme segue abaixo:

Agosto de 1926
Dr. Agripa de Castro Faria
Texto de Enedino Batista Ribeiro (1999, pgs. 475-477[i])

           "Vindo de Lauro Müller, em condução fornecida por mim, chegou a esta cidade [São Joaquim-SC] o Dr. Agripa de Castro Faria, médico natural da cidade de Campos, do Estado do Rio de Janeiro.
            Fui esperar o novo médico nas Tijucas, em casa do meu cunhado Antônio Vieira do Amaral, cuja mulher, minha mana Olívia, encontrava-se doente, ameaçada de aborto. Os detalhes já não lembro, mas sei que ela foi o primeiro doente que o Dr. Agripa atendeu em São Joaquim.
            Demonstrou desde logo que era bom médico na sua especialidade – Clínica Médica -, impondo-se, de imediato, à confiança do público.
            Conforme já contei em capítulo anterior, o Dr. Agripa vinha receitar exclusivamente para a minha farmácia. Foi sempre de uma lealdade absoluta, nunca receitando para a outra farmácia. [...]
De minha vez não perdia tempo, tratava de angariar clientes para o Dr. Agripa, entre os meus amigos e parentes. Foi uma luta dura, férrea e que durou anos.
Dr. Agripa morou sempre conosco em casa; era como um irmão. Só nos deixou depois de quase três anos de convivência diária, no dia de seu casamento, para morar na sua própria casa.
O novo facultativo era homem simples, de gênio alegre e folgazão, de sorte que caiu no gosto do povo, fazendo boa amizade e franca camaradagem com os joaquinenses, que viam um amigo no novo médico. Igualmente, logo assimilou nossos costumes e até carreirista ficou, apreciando muito esse esporte, assistindo e mesmo atando corridas de cavalos, tendo gasto boa soma de dinheiro.
Era de se ver e ouvir o Dr. Agripa, ao pé do fogo, falando em corridas, naquele linguajar floreado e pitoresco dos aficionados do querido esporte serrano.
Dessa forma, terminou o ano de 1926, fazendo, o Dr. Agripa boa clínica com o seu consultório sempre repleto de clientes, além das viagens frequentes que fazia a cavalo pelo interior do município, viagens penosas e cansativas, sempre, porém, muito lucrativas."

Referência

RIBEIRO, Enedino Batista. Gavião-de-Penacho: memórias de um serrano. Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC); co-edição da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: IHGSC, 1999.


[i] Com correções de Ismênia Ribeiro Schneider, novembro de 2017.